Governo firma acordo para diminuição do uso de açúcar em alimentos ultraprocessados, mas será o suficiente?

Um acordo realizado pelo Ministério da Saúde e a Indústria de Alimentos, vem sendo bastante divulgada e com certo entusiasmo, mas é preciso bastante cuidado. O acordo prevê a redução do açúcar na formulação de alimentos ultraprocessados no país até 2022, porém, este acordo pode ser pouco eficaz se falarmos em impactos positivos na saúde pública.

Um dos pontos acordados diz respeito às metas, que são calculadas de acordo com o teor máximo de açúcar em cada tipo de alimento. Podemos entender que reduzirá os valores excessivos de açúcar, porém, não reduzirá à índices saudáveis dos nutrientes.

Outro ponto é o caráter voluntário, que não envolve penalidades financeiras, legais ou administrativas para os fabricantes. No Reino Unido, por exemplo, após a assinatura de um acordo parecido, mas para a redução de sódio, houve um aumento da presença deste nutriente por falta de fiscalização e monitoramento.

O Brasil está no “top five” do consumo de açúcar mundial, mesmo após a recomendação da OMS (organização Mundial da Saúde), que esse nutriente corresponda a, no máximo, 10% de todas as calorias ingeridas diariamente, sendo que, o ideal, ainda seria de 5%. O consumo de açúcar no Brasil, está ligado diretamente ao desenvolvimento de doenças como cáries, diabetes, obesidade e problemas do coração.

No Brasil, para que ocorra a diminuição do uso deste nutriente e de produtos com alta dosagem de açúcar, são necessárias diversas medidas que favorecem as escolhas por parte do consumidor, que ele tenha um leque de produtos saudáveis para escolher. A etiqueta identificando a presença dos nutrientes é fundamental, ainda mais, mostrando as taxas de açúcar e sódio. Para complementar as medidas que poderiam acarretar a diminuição do uso do açúcar, as fiscalizações e as punições para os descumprimentos das regras teriam que ser constantes, feitas de forma séria e eficaz.

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